quarta-feira, 30 de abril de 2008

Publicidade sem ética: conseqüências

Georgia de Mattos

A Lei 9.294/96 restringe a permissão da propaganda de bebidas alcoólicas para aquelas que contenham até 13 GL e que sejam veiculadas no rádio e TV apenas no horário entre 21:00 horas e 06:00 horas. A Lei permite, entretanto, que tal propaganda seja apresentada em um prazo de poucos segundos nos mesmos meios de comunicação durante o horário nobre.

Esta proibição não atinge a propaganda de vinhos e cervejas, cujos responsáveis demonstram, a cada dia, maior criatividade em seus trabalhos.


Vale lembrar que, uma vez vivemos em um país de clima tropical, a cerveja e o chopp geladinho já são as bebidas alcoólicas mais desejadas pelos consumidores, sendo portanto aquelas em que o fabricante mais investe verba publicitária.

As agências usam em seus trabalhos artistas famosos, como Juliana Paes, Zeca Pagodinho e outros, em momentos alegres, festas rave, relacionando a bebida à mulher sensual, o que aguça ainda mais o desejo pela bebida, principalmente pelo público masculino, seja pela sede, pela fantasia, ou, principalmente, pela auto-afirmação. Dessa forma, atinge um grande público cada vez mais jovem, que associa a bebida a conquistas afetivas e realizações, sem pensar nas conseqüências de seus atos.

É bem verdade que o mercado publicitário não vende o produto, mas sim o sonho, porém é importante lembrar que o trabalho não deve ultrapassar os limites da ética profissional, o que, infelizmente, está acontecendo com os comerciais daqueles produtos. Dessa forma, as agências ferem um principio basilar da norma publicitária: respeito ao consumidor, pois aguçam a ânsia do seu publico por “uma gelada”, sem se preocupar em alertá-lo sobre as conseqüências que o seu consumo pode trazer.

Vale lembrar ainda, que, a cada dia que passa, a cerveja é consumida cada vez mais cedo (a partir dos 10, 11 anos), e em altas doses, em busca, como dito anteriormente, da auto-afirmação perante os amigos e as “gatinhas”. Tudo isso acontece devido à falta de ética dos publicitários que elaboram tais campanhas sem se lembrar do limite educativo exigido para a execução desse trabalho, o que vem gerando, cada vez mais, conseqüências gravíssimas, tais como: brigas com mortes, acidentes no trânsito - muitos com mortes, conflitos domésticos, entre outros.

Em razão de tal comportamento, existem diversos projetos de lei no sentido da proibição da veiculação de comerciais de cerveja no rádio e TV tramitando no Congresso Nacional, o que vem agradando boa parte da sociedade.

Está na hora de as agências se lembrarem de que os meios de comunicação mexem com o imaginário humano e de, principalmente, aplicarem a ética na elaboração de comerciais, antes que uma lei proibitiva da exibição de comerciais de cerveja seja sancionada e publicada no Diário Oficial.

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